sábado, 28 de junho de 2014

Passado Factual

  Agora, sentando e olhando para o horizonte do meu passado, vejo tudo o que não foi e o que poderia ter sido. As oportunidades que estiveram nas minhas mãos e se foram com o vento, os amores que não vivi, as festas a quais não fui e as viagens que não fiz.
Vejo eu mesma sendo empurrada em uma dança tonta, desnorteada. Me assombra a ideia de ainda ser aquela mesma garota.
  Não posso mudar um segundo do passado factual, nem um piscar de olhos do que houve, mas posso mudar como vejo aquele passado nublado.
Posso focar nos raros momentos felizes, e nas boas experiências que tive. Posso me moldar e me afastar da imagem da jovem tola que fui. Posso desenhar o futuro para não cometer os erros do passado.
 Agora, sentando e olhando para o horizonte do meu passado, vejo tudo o que fiz e penso em tudo o que farei melhor.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Corrupção.

Palpitava o coração e enrubescia a face.

Envenenado pelo orgulho e ciúme
o amor entrava em guerra contra si.
Se destruía, se comia, o amor enlouquecia.
Corrompia-se no mais puro e destilado ódio.

As palavras doce e promessas se converteram 
num amargo vômito de ofensa e ameaças
que subia a garganta descontroladamente.

As unhas queriam arranhar a pele.
A boca desejava a língua alheia.
As pernas ansiavam pelo encontro.

Não mais pelo desejo, mas pela ira.
para fazer sangrar, para separar e esmigalhar
o que um dia foi objeto de afeição.

As mãos tamborilavam ansiosas por tocarem a face do outro, 
num punho cerrado com toda força que permitisse a física.

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Não se pode dizer que era tarde, e que tudo acabaria.
Não acabaria tão cedo.
O amor estava louco, mas não morto.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Poesia Metalinguística.

Todo sentimento que ponho em verso
duvido três vezes, até quatro.

Se deixo de lado, me perturba pra não dormir.
se não sair dos meus dedos minha mente não vai fluir.

Mas ainda assim, duvido.
Duvido mais cinco ou seis vezes.

Quem sou eu pra escrever?
Quem vai ler?

Mas não dá.
Assim como as vezes eu acabo falando sem pensar,
os dedos deslizam e vão saltando na tela:

palavras que vão tecendo a mente confusa,
desembolando a bagunça.

Uns versinhos rimados
que roubam as palavras do sussurro ao amado.

Escrevo em vão, mas meio que sem opção, vão me sobrando palavras
e como fico com dó de as jogar fora, as arrumo em fileiras.

Escrevo em poesia por que a prosa é por demais complexa
para sentimentos tão destilados como os meus.



Tempo relativo e Degradação

Eu vi uma senhora de meia idade.
40, 50, 60 anos? não sei.
Pele manchada pelo tempo
sem viço ou brilho.
Os olhos fundos de cansaço
de quem madrugou muitas noites.
a baixo a boca que já não sorri como antes.
E assim como a ausência de energia, nota-se,
um conformismo seco em seu olhar.

Mas estava lá escondido
o mesmo risinho desdenhoso,
pronto para saltar.

Faculdade, devolva minha vida.