domingo, 26 de junho de 2011

Apatia

Minha voz soa em outro timbre
O corpo privado da força habitual.
É tolo por demais escrever
de meu próprio mal?

Tanto faz, não tenho sobre o que escrever.
Se não sou das românticas, e se sou,
Os amores são privados de meu próprio conhecimento.

Se já não me abate enorme desolação,
Se já não me sento só ao luar,
Se já não me farta o animo emoção alguma.
Do que falar?

Penso se é escasso
Meu tempo de poeta.
E essa idéia assusta,
Todavia não me afeta.

Se não há assunto
Que inventemos histórias
Usa-se a criatividade
Para suprir as apatias.

domingo, 19 de junho de 2011

De onde?

Penso o quão diferente seria
Se pertencesse totalmente ao sol.
Se minha pele bronzeada, meu cabelo queimaria.

Meus dias eternos dias.
as ondas minhas amigas.
Meus problemas quedariam frente ao mar.

Penso o quão diferente seria
Se pertencesse somente a lua
Noites em ruas escuras, minha pele branca e nua.

No entanto, nem filha da luz ou trevas sou.
Sou produto da falta de coragem,
De luzes brancas que brilham no escuro artificial de um quarto.

Rios

Estou chorando
E não me repreendo.
As lágrimas correm, ajustando-se aos relevos de meu rubro rosto.

Estou chorando
Olhos vermelhos em brasa molhada.
Nem um sinal de repulsa pela fraqueza.

Pois não me sinto fraca.
Choro consciente de minha dor.
Consciente que não é a culpa minha.

Não há amargura alguma em meus lábios.
Somente o salgado desfrute da tristeza.
Insolência de quem?

Choro por culpa de todos
Culpa da vida, cidade, pais, amigos, minha.
Culpa do destino que me trouxe a companhia para chorar o exílio.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Um lugar seguro para adormecer.


Sonhos quebrados nos cortam por dentro.

Tento reprimir o vazio com violência e gostos.

Tenho medo de criar novos sonhos
e de que estes se quebrem também,
então abram as cicatrizes.

Todos têm histórias tristes.
Todos têm direito de fazer seu drama.

Eu não sou uma exceção a essa regra.
Não venha-me dizer que as suas dores são piores que as minhas.

Pois eu te estrangularia com elas.

Ser forte dói. Dói o tempo todo.
Ignorar os golpes, ignorar os gritos.
Anular-me para que você possa fazer seu drama.

Meus joelhos sedem, toda noite, ao peso do mundo.
Estar perdido, cercado.
As sombras devorando seus sonhos.

Onde é seguro agora?

Existe uma luz. Mas onde ela está?

Sabe de onde vem os gritos que te apavoram toda noite?
Sabe onde se encontram as sombras que vem te corroendo?

Nada mas faz sentido, não é?

Só quer os braços onde costumava repousar.
A certeza de que amanhã vai estar tudo bem.
Ouvir alguém dizer que te ama.
Saber que quando o sol nascer, os problemas terão fugido.

Um lugar seguro para adormecer.

Um sonho que não me destrua.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Queda

É fácil quando se está caindo.
É fácil abrir os braços e acolher o destino
É fácil desistir e deixar que a gravidade faça seu trabalho.
É fácil se você não olhar o abismo.

Quando se está caindo.

Você não tem mais o controle.
Você o abdicou.
Você deu passos cientes.
Por isso é fácil.

A decida é tentadora, por ser fácil.
E depois de tanto lutar para subir,
Você está cansado e em algum obstáculo,
pensa como seria fácil aceitar a ruína,
pensa como todos os esforços foram em vão.

Mas eles só terão sido vãos, se você escolher esse caminho.

Toda luta vale a pena, se você não desistir.

A tragédia, é que estamos todos fadados a imperfeição.

Quero dizer, nunca seremos preenchidos, nunca seremos completos, nunca haverá humano que suprima a todas as nossas necessidades. Nunca seremos inteiros.

Estaremos sós do início ao fim. 

há dois caminhos a serem tomados. 
1. Aceitamos o fato. 
2. Ignoramos o fato e buscamos completar-nos com milhares de minúsculas semelhanças nos outros. 

E na verdade o segundo é o único caminho. Aceitar o fato não serve de muita coisa; Nem sei por que tentei.