sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Encontrar

Estava perdida.
Sim, em meio a todas as pequenas coisas
que destroem a beleza da vida.

Estava perdida em pensamentos nebulosos
em coisas, contas, desejos frustrados e regras.
especialmente nas regras.

Mas sai das trevas.
As palavras me resgataram de lá.
Mãos amigas vieram me salvar.

Estou livre.
Plenamente livre.
a gaiola destruída,
a floresta iluminada.

Agora não sei exatamente quem sou
ou para onde gostaria de ir.
tanto tempo só na escuridão faz isso com a gente.

Mas posso.
ser quem quiser
e ir onde quiser
e fazer o que quiser.

Sou andarilha, e este é meu norte.
não sou árvore fincada a terra.
Não devo esquecer me disso.

Sou andorinha, que não se pode cativar.
Se tenho asas é para voar.

Das coisas do passado,
me despeço com cuidado.
Para as coisas do futuro
eu me preparo.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Sonho.


Sonhei uma noite
que viviamos em amor belo e casto.
Sorria em seu olhos e dormia em seus braços.

Deitados próximos ao mar
Eramos crianças e eramos amantes
passando a tarde a brincar.
Fomos felizes naqueles instantes.

Com o vento as horas haviam passado
e ainda por mais tempo
Seu rosto eu haveria contemplado.

Porém era sonho:
Não havia areia ou vento,
não havia mar ou tempo.

Também não havia você.
Mas havia eu, despertando cansada
de um lindo dia na praia.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O caso de Pedro José

    Pedro José observava de longe a linda mocinha índia que em tamanha inocência banhava-se as margens do rio. As vezes ela olhava sobre o ombro como se soubesse da presença dele entre as folhas da mata - Eita, será que ela tá me vendo?- A indiazinha agora olhava diretamente para para Zé ao mesmo tempo que se insinuava, o que o forçou a aproximar-se, meio sem jeito, meio embaraçado.
   -A moça sabia que é perigoso ficar assim, sozinha, no meio da mata?
Ela sorriu e em tom de brincadeira respondeu:
   - Então o que você tá fazendo aqui?
Já fazia dias que Zé escapulia do trabalho de vigia para vigiar a indiazinha.
   -Meu trabalho, ué. Sou vigia da fazendo do seu Manuel.
   -Mas não tamo ná fazenda dele, então o que cê tá vigiando?
Predro josé ficou vermelho, roxo, azul de vergonha. Mudou de assunto num salto:
   -Qual a sua graça?
   -Iara.
   -Iara, que nem a mãe-d’água?
   -Que nem a mãe-d’água. e você?
   -Pedro José da Silva, mas pode chama de Zé.
   -Zé, vem cá.. - Disse manhosa
   - Entra no rio? Vai molha minhas roupa.
   -Tira, uai.
   Zé nunca foi muito de receber ordens, mas dadas as circunstâncias, logo ele estava nu nadando em direção a mocinha. Ele sentia que estava fazendo algo errado. Mas errado por que?
   Estava escurecendo. A floresta estava calma. Do vilarejo ouvia-se o cantar dos pássaros e os gemidos vindos do rio.
   As roupas de Zé foram achadas na manhã seguinte, mas Zé nunca mais foi visto.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Avante

Não acho nada.
Não tenho saída.
Não tenho um ponto de partida.

Nem uma luz que guia até o fim do túnel.
Basta seguir e qualquer canto será canto.

Os pés calejarão nas rochas,
As mãos ficarão sujas de terra.

Não sei para onde seguir.
Mas seguirei em frente.
Avante e avante! Até cair!
Então levante e continue.

Avante!

Asfixia

As coisas me sufocam.
O ar é pesado, e a pressão comprime os pulmões.
Perdendo a consciência lentamente.
O desespero surge
                                 e
                                     desmaia.