sexta-feira, 25 de junho de 2010

E novamente ela fugia.

   


      Pelas ruas vazias onde se ouvia apenas murmúrios, a garota de longos cabelos negros fugia novamente. Ela avisara, não devia, porém avisou com toda a antecedência que poderia. Fugia tão lentamente que não aparentava fugir. Em seus braços os livros de estudo e literatura eram apertados contra seu peito com força. Como um abraço de despedida que ela não havia dado.

    Como as luas e estações mudam, ela mudava-se novamente. Era seu hábito, seu vício e sua sina fugir de tudo e de todos de quem um dia quis a companhia. Não chorava. Seria errado chorar, e ela não conseguiria mesmo se tentasse. Não que não sentisse dor em deixar tudo para trás, mas  não haviasofrimento nisso. Ela estava extasiada com a emoção do novo, os rostos, as pessoas, os nomes, os gostos, os lugares. O futuro era tão incerto que a excitava. Era isso que ela amava.

Parou um pouco. Sua corrente havia caído Abaixou-se, sentou na sargeta e prendeu novamente a corrente em seu pescoço. Sempre foi assim, sempre chegava a um ponto em que sentia a necessidade de ir embora. E esse ponto havia chegado novamente. O primeiro sinal foi sua liberdade. Quando ela já não sentia mais a necessidade das pessoas que a cercavam. O segundo sinal foi ver-se desnecessária aos que ela prezava. Quando já não fazia mais diferença se ela estava ou não no meio, como antes que ela chegasse. O último, que acarretou em sua fuga, havia acontecido aquela manhã. Ela olhou-se no espelho e viu quem queria ser. Sem metáforas, sem ajustes. Ela gostava do que via.

Estava feito. Arrumou suas malas com somente o melhor e o que mais gotava. pegou seus livros, acertou suas contas, jogou fora as lembranças daquele tempo, apagou suas marcas, e passou o dia distanciando-se cuidadosamente da realidade fantástica que vivera.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Por que o dia dos namorados é uma droga.


Desde os idos tempos, convencionou-se que seria adequado que os jovens casais celebracem sua instável união, para que com presentes tolos, juras de amor e o tempo estas se tornassem algo definitivo.

Claro, desde aqueles esquecidos tempos isso já era inútil.

No final da idade média, o imperador idiota Claudio II teve a infeliz idéia de proibir casamentos no seu reinado, para formar um exército maior e mais forte. Não contava ele que um bispo de nome Valentin resolvesse continuar casando os jovens secretamente. Valentin foi descoberto, preso e condenado à morte. Enquanto o pobre bispo estava preso, jovens jogavam bilhetes para ele dizendo que ainda acreditavam no amor e talz e panz. Ele foi decapitado no dia 14 de fevereiro.

E assim nasce simultaneamente o Dia de são Valentin e a tradição de trocar cartões no dia dos namorados.

Mas as coisas foram de mal à pior. Com toda essa modernização e tudo o mais, os antes inofencivos cartões manuescritos com todo o amor do casal impresso no calor da alma, se tornou um altamente lucrativo cartão de papel plastificado recheado de juras vazias e impessoais que pode ser comprado em qualquer esquina.

E ficam pior

Os jovens casais, não satisfeitos com corações de cartolina cor-de-rosa, passam a trocar entre-si as terrivelmente deliciosas caixas de bom-bom. Um presente que fica 3 minutos na sua boca mais uma eternidade nas suas coxas.

As espertas industrias de inutilidades passam então desde um mês antes do dia dos namorados até duas semanas depois, bombardeando a mídia com propagandas que insistem que se você não comprar um presente inútil você não ama seu companheiro. Pior: se seu companheiro não te der uma inutilidade, ele não te ama.

Até ai tudo bem. Os casais estão felizes, trocando presentes caros e deixando as industrias Inútilidades S.A. feliz. O problema é quando a Felicidade deles atinge os não namorados. Se você como 80% das pessoas que eu conheço não está namorando no momento, sabe exatamente do que eu estou falando. É terrivel ser bombardeado com propagandas do dia dos namorados lembrando à você, ser solitário e infeliz, que você não tem ninguem para amar.

Assim eu concluo que o dia dos namorados só trás à angustia e a dor para os solteiros. Brigas, gastos desnecessários e promessas vazias para os namorados. Não que eu não acredite no amor, por que eu até acredito.

Será que alguem vai ler essa baboseira toda?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Pessoas de verdade

Onde estão as pessoas de verdade?

Aquelas que não são simplesmente por serem.
Que escolhem um lado.
Que lêem coisas de verdade, não só essas revistinhas toscas.
Que selecionam o que ouvem, que não gostam de tal banda só por que todo mundo gosta.
Que se importam de verdade com a alma que carregam, não só em ter um corpo malhado e oco.
Onde foram parar as pessoas que tem visão
Que defendem o seu direito de expressão;
Que não ligam para o que o resto vai pensar. Afinal o resto é só o resto.
E os poucos, bem poucos, amigos que carrego e que possuem as qualidades aqui descritas, tenho a impressão de que o tempo os carregará. Levara-me para longe dos meus agora caros. Só para que está alma bruta e infeliz aprenda a aceitar os que a cercam sem as mordomias de um punhado de amizades decentes.