quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

A Estrela - Manoel Bandeira

 Vi uma estrela tão alta,
 Vi uma estrela tão fria!
 Vi uma estrela luzindo
 Na minha vida vazia.

 Era uma estrela tão alta!
 Era uma estrela tão fria!
 Era uma estrela sozinha
 Luzindo no fim do dia.

 Por que da sua distância
 Para a minha companhia
 Não baixava aquela estrela?
 Por que tão alto luzia?

 E ouvi-a na sombra funda
 Responder que assim fazia
 Para dar uma esperança
 Mais triste ao fim do meu dia.
                               (Manoel Bandeira)

(achei perfeita para a situação de alguém que conheço)

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Seguindo

A vida segue.
Não me deu tempo para digerir os fatos.
Os empurrou pela minha garganta, quase engasguei.

Ela quer me mostrar tanta coisa,
e há tanto pra se ver.

Puxa meu braço com força,
minha cabeça dói e não consigo pensar direito.

Por que ela está com tanta pressa?
Não somos 'tão jovens',
não 'temos todo tempo do mundo'?
Não. Não somos e não temos.

Ela quer meu bem, eu sei.
mas não estou no mesmo ritmo que ela,
não sou tão rápida,
 e acabo esbarrando em algumas coisas.

Vida, por favor, um pouco mais devagar.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Doce dois mil e doze.

Mais um ano se despede.
deixa sonhos em aberto
e amores em vão.

Deixa doze meses de angustia
doze de desespero.
doze do doze do doze
doze de dois mil.

01- Deixa lembranças já gastas
02- O mundo apavorado
03- Uma guerra eminente
04- Uma esperança rejeitada
05- Um medo abandonado
06- O povo descontente
07- Uma menina revoltada.
08- Um dente arrancado
09- O dinheiro mal gasto
10- O avô enterrado
11- Um sonho quebrado
12- E a dor que não passa.

por que destruir o palácio de areia da esperança,
com tanto esmero arquitetado no coração dos sonhadores?


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Embuste

Tanta vida, juventude e energia,
tudo a se perder na tela branca
que ilumina o pequeno quarto.

Os dias não retornarão,
a beleza e inocência, tão pouco.

Por que deixar partir assim,
algo tão precioso,
que dinheiro algum pode pagar?

Deixar-se cair na armadilha.
Tão tentador, tão brilhante,
tão óbvio embuste.

Sinta o amargo gosto do desperdício,
a falta do toque das mãos de quem se ama.
Sinta a angústia dos sonhos deixados
em troca do prazer imediato.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Júlia - parte 2

  Júlia nunca conheceu o amor. Nem de seus pais, nem de amigos e nem de homem algum. O casamento dos seus pais foi algo 'conveniente': ele garantiria estabilidade e ela era um lindo e caro troféu para se exibir. Deles nunca recebeu muita atenção, Seu Otávio sempre estava fora, e Dona Carmem sempre ocupada. As poucas vezes que falavam algo a ela, eram reclamações, pedidos de silêncio ou algo para ela fazer.

  Como sempre foi tímida, nunca fez grandes amizades nem na escola, nem no curso normal. Lembrava-se de gostar de um rapaz, que encontrava em festas para quais os pais a arrastavam. Ele era muito simpático e quando sorria para ela, o sol parecia brilhar mais forte e seu rosto aquecia. Ele era noivo, mas não importava, a única coisa em que ninguém podia mandar sobre ela, era no que sentia.

Ela era bonita. Uma beleza comum, porém muito harmoniosa: olhos castanhos-escuros, cabelos lisos e muito negros, lábios finos,  pele um pouco manchada, e um lindo e delicado narizinho -Qual fazia as primas mais bonitas ficarem com inveja -. Não era um rosto de se guardar na memória, mas até bem agradável de se olhar. Chegou a conquistar alguns rapazes por seu jeito tímido e delicado, mas eles cansavam-se de não receberem resposta e partiam.

Um dia, com cerca de 19 anos, ela entrou sem bater no escritório de seu pai. Ele resolvia negócios com um jovem advogado, Augusto Guerra, que iria começar a representa-lo legalmente. Mal Augusto se virou para porta, seus olhos encontraram os dela e ele se apaixonou instantaneamente. Ela desviou muito rapidamente o olhar para o chão, pediu desculpas ao pai e se retirou da saleta.

  No sábado da mesma semana, havia um lugar a mais na mesa de jantar. Uma situação bastante desagradável para ela, que teve de passar desde a entrada até a o cafezinho esquivando-se dos cortejos do advogado. Que quando não estava em cima dela, estava a elogiar sua mãe, ou a falar prosopopéias ao seu pai.

  A cena se repetiu por algumas semanas, até que em certa noite de céu límpido, Augusto a levou para a varanda depois do jantar e propôs casamento. Júlia não sabia como reagir. Não poderia aceitar jamais, por que não o amava. Mas tinha medo de recusa-lo e sofrer retalhação dos pais, que a esse ponto já deixavam bem claro que faziam gosto dessa união. Então, vendo em Augusto um coração amável e compreensível, explicou a ele sua situação. "Júlia, amor vem com o tempo. Você não está é apaixonada por mim, mas tenho certeza de que um dia você irá." Ela continuou em silêncio procurando uma coluna para se apoiar. "Não me responda agora. Virei para o aniversário do seu pai daqui há duas semanas, até lá, pense sobre mim e converse com sua família."

  Quando contou para seus pais, eles sequer pensaram que ela poderia recusa-lo. O pai parabenizou a filha pelo excelente marido, e a mãe começou a imaginar detalhes sobre a cerimônia de casamento. Ela desistiu de contar que não respondeu. Foi para seu quarto e apesar de querer esquecer o assunto, só conseguia pensar nisso. Enfiou o rosto em uma das grandes almofadas de sua cama e desejou ter alguém que a ouvisse, uma amiga, um parente, qualquer um.

  Após muitos dias de reflexão silenciosa, estava resoluta em declinar a proposta, porém, durante a festa de aniversário de 54 anos de Seu Otávio, antes do bolo ser cortado ele anunciou, diante de todos os convidados, o noivado da filha. Quando ela tentou dizer a mãe que recusaria o pedido, a mãe a levou para dentro e lhe deu um tapa espalmado no rosto. "Como você ousa? Quer humilhar seu pai? Entristecer sua família? Se não pretendia casar com o rapaz, por que o seduziu? Sua sem vergonha! Volte pra lá agora, e vá receber os parabéns."

 Augusto a procurava do lado de fora, quando a viu era todo sorrisos e alegria. A abraçou forte e não cabia em si mesmo de tanto contentamento. Sentimentos que claramente não eram respondidos por Júlia, que passou todo o resto da comemoração calada.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Já é alguma coisa

Noto que tenho escrito muito
sobre quase nada.

É que eu ando como sempre,
desligada.

As vezes as preocupações crescem tanto
que engolem a magia, a beleza e até a dor.

Sem isso, sobre o que há de se escrever?
o que sobra é quase nada,
e sobre quase nada já tenho escrito muito.

Quando se escreve muito
sobre quase nada, se perde um pouco da graça.

Escrever, para mim, ficou chato por isso.
Que há de se falar se já se falou muito sobre tudo que há para se falar?

Então não custa esperar,
escrevi umas linhas tentando não rimar
mas as benditas rimas voltam.

Vou tentar resolver uns problemas,
e quem sabe, se eu dou sorte,
sobre alguma coisa sobre a qual escrever.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Revoltinha

Gosto da educação,
da cultura e do alinho.

mas as vezes nada pode expressar melhor
os sentimentos do que um bom e sonoro:
FODA-SE.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Pequena reflexão

eu tento me achar
mas me perco devagar.

Sou nova na vida
e não tenho nenhum mapa.

Que loucura ser solto assim do nada
sem um par de asas.

sábado, 22 de setembro de 2012

5 filmes que estou com vontade de ver

1- O Fantasma da ópera (2004)



 Só pela história e pelas músicas. Gosto de fazer uma 'análise psicológica' das personagens mas o filme não o permite fazer direito, até por que essa adaptação foi péssima.  De qualquer forma é interessante verificar como o fantasma cria poder sobre Christine e como ela o repele, não necessariamente por sua aparência, mas pela obsessão em relação a ela (e talvez por que na história original as coisas tenham virado um banho de sangue).

2- O Caldeirão Mágico (Disney)



 Esse é uma relíquia da minha infância. Acho que foi o primeiro desenho assustador e sanguinolento que vi. Porém a história é muito boa, baseada numa série de livros infantis-juvenis que estou com vontade de ler. É um aprendizado e, como todo aprendizado, traumatizante.

3- O Corcunda de Notre-Dame (Disney)



 De novo histórias tristes e traumatizantes. Essa todo mundo conhece então não tem muito o que falar do enredo. Não sou fã de histórias levinhas em que por nada todo mundo fica feliz no final, no entanto, se o filminho da disney já o suficiente para traumatizar uma criança, a história original (Notre-Dame de París,  Victor Hugo, 1831)  é bem pior.

4- Les misérables (1998)



 Victor Hugo de novo, amo a história. Sou capaz de passar horas assistindo as adaptações dessa obra. Já falei sobre a história aqui. E pra falar a verdade estou babando por uma versão do livro traduzida na integra do original. Comecei a ler na Saraiva, mas acabei deixando pra lá, muito caro. Então enquanto não posso ter o livro, vou me virando com os filmes.
 Parece está vindo mais uma adaptação para o cinema (aparentemente um musical) com Anne Hathaway e várias outras estrelas. Não ponho muitas esperanças por ser um musical.


5- O Legado Bourne


Sou fã da série Bourne. Fiquei um pouco decepcionada quando soube que essa sequencia não teria o Matt Damon e para ser sincera não sei exatamente o que esperar. (Já foi bastante difícil aceitar a morte de Marie, e agora sem o Matt.) Mas vamos ter fé na produção, por que a história ainda pode render.

sábado, 15 de setembro de 2012

Que seja

Diga-me que a fogueira apagou
e a chuva já começa a cessar.
Então partirei ao amanhecer.

Diga-me que já não vê graça nos risos
e que esgotou-se a felicidade.
Então caminharei para longe.

Diga-me que já não liga mais
e quantas voltas o mundo jé deu.
Então não existirão mais questões.

sábado, 1 de setembro de 2012

Os Teus Olhos

O Céu azul, não era
Dessa cor, antigamente;
Era branco como um lírio,
Ou como estrela cadente.

 Um dia, fez Deus uns olhos
Tão azuis como esses teus,
Que olharam admirados
A taça branca dos céus.

Quando sentiu esse olhar:
“Que doçura, que primor!”
Disse o céu, e ciumento,
Tornou-se da mesma cor!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Eu não gosto de chorar, vô, mas eu não consigo parar.



Eu tô sentido tanta saudade, não consigo aceitar que você foi.
Você ainda devia me ensinar tanta coisa, ainda queria jogar tantas partidas de xadrez com você.
Eu queria ter e abraçado quando fui te ver na UTI, queria ter aberto seus olhos pra você me ver, e ver o azul que agora só poderei lembrar, e a lembrança não faz juíz a ele.
Vô eu não queria chorar, por que sei que você tá bem. Mas tudo parece triste para mim agora. Vi no shopping um velhinho que parecia com você, queria abraça-lo por não poder mais abraçar você. Ah, vô. Chorei enquanto comia a sobremesa, por que sei que você estava comendo os mais fabulosos morangos com creme. Vô, eu tô tão triste por que não consegui te ensinar a usar o twitter, por que ninguém mais vai me perguntar se está tudo mais de clique. Tô triste por que não li todos os e-mails que você mandou, por que não conversei mais com você. Tô triste por que eu não fiquei mais 5 minutos na UTI com você, por não ter ligado mais vezes. Tô tão triste vô.
Queria estar tão feliz quanto você está agora. Eu sei que você partiu em paz. Sei que você sabe que a mamãe e eu fomos te ver. Sei que você sentiu quando beijei sua testa e fiz cosquinha nos seu pés. Vô, eu não sei quantos litros eu vou ter que chorar para ficar bem de novo. Mas eu vou ficar bem, vô.
Não se esqueça que eu te amo. Que eu amava conversar com você, que prestei atenção em todas as histórias que você contou, que gosto tanto de doces quanto você, que continuo tentando jogar xadrez pra chegar no seu nível, que vou querer te abraçar, beijar sua testa, desejar 'boa noite, sonhe com os anjos e não caia da cama'. Não se esqueça, meu vovô, que eu te amo.

Ah, vô. Queria que você tivesse me contado mais uma piada e me dado mais um abraço.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Outra vez

Vale a pena partir-se em dois,
ainda que para fugir do cativeiro?
É a esperança afiado cristal,
capaz de partir as amarras do medo?


quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Júlia - parte 1

  Ela possuía olhos baços que em tudo lembravam a lua minguante. Na frieza com que examinava a relva, na fatalidade e na maré que enchia-lhe. Sua história não havia sido feliz e há tempos a alegria havia abandonado suas feições. Agora era só uma sombra, um esboço do próprio potencial.
  Não havia mais ambições, nem esperanças, aceitava a irrelevância qual o destino reservara para sua vida. Acordava de manhã, tomava um banho gélido, preparava o café da manhã sem gosto, servia a mesa para seu marido, aguardava-o descer ainda com o cheiro do álcool impregnado em sua boca, desviava de seus olhares, Ignorava suas tentativas de diálogo enquanto comiam, retirava a mesa, lavava a louça e afogava todos seus devaneios e rotas de fuga junto com os pratos debaixo da água corrente. Abafava o alívio que seu coração sentia ao ouvir o companheiro bater a porta e ligar o carro ao ir trabalhar. Então regava as plantas do jardim - tarefa que lhe era especialmente enfadonha - lavava e estendia as roupas, preparava um almoço sem graça - que não iria comer mas requentaria no jantar - limpava toda a bagunça da noite anterior, arrumava e varria toda a casa duas vezes, recolhia, passava e guardava toda a roupa.
  Por volta das seis da tarde tomava mais um banho gelado, dessa vez na banheira. Deixava de molho seu corpo frágil e toda sua mágoa. Pensava se doeria menos se a água entrasse em seus pulmões ou talvez, qualquer dia ele chegasse com uma arma, disparasse contra ela, e logo em seguida se enviasse para o inferno. Remoía por uma hora ou duas estas idéias, contudo as expulsava de sua mente.
  Ao se levantar da banheira, observava no enorme espelho sobre a pia, o que o amor de seu marido deixara marcado. -Não fosse o forte cheiro do álcool que ele sempre exalava ao chegar em casa, ela duvidaria que estivesse bêbado pois sempre acertava os golpes em pontos frágeis, que ficariam perfeitamente escondidos sob a roupa.- Vestia-se, penteava os cabelos, descia, esquentava e servia o jantar e ficava sentada no sofá, divagando sobre qual seria a desculpa do dia para o encontro de suas costelas com os nós dos dedos do marido e a que horas estava marcado, se esta noite ele só a usaria como um saco de areia ou também iria abusar dela. Ele nunca chegava muito tarde, tinha trabalho pra ir de manhã. Costumava bater e chutar a porta por perto das dez horas. Uma meia hora depois ameaçava tirar a vida da mulher se ela não abrisse a porta e começava a espanca-la assim que ela o fazia.
  Assim foram os primeiros 3 anos de casamento de Júlia e Augusto. Ela jamais o amou. Seu casamento foi uma armadilha, sua vida inteira foi uma armadilha.

domingo, 5 de agosto de 2012

Riso.

Tão bom sonhar.
Sonhei tantas coisas.

E o riso era tão lindo.

e era um sonho.
se desfez nos primeiros raios de sol.

É por ai.

As pequenas esperanças,
o quão belas são.
Quando não são tudo o que se tem.


Eu era feliz, por que seguia uma regra simples
que me levava pelo caminho seguro.
Baixas expectativas:
O que vier é lucro.

Mas um trágico dia, sem querer, 
deixe entrar pela boca
uma brisa que acendeu das cinzas
uma infantil esperançazinha.

Cresceu e virou incêndio
que não pude controlar.

e deixou em ruínas o meu mundinho 
construído em retalhos de felicidade. 

sábado, 4 de agosto de 2012

Boca

Mal raciocinou o cérebro e a boca já falou.
Não pensou duas vezes, sabe que errou.
A palavra lançada rasgou o coração alheio.
Que dó do meu que carrega agora o fardo do espelho.
Veneno mais letal é o que se profere: adoece a alma e ao outro fere.
Desculpas e perdidos de perdões a mágoa não apaga.
Sem dúvida, a dívida se paga.

 "palavras são erros..." 
-Legião urbana

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Oficina de teste - Lisbeth

 Sua pele era mais vívida e corada que os outros, mesmo que bem alimentados. Perguntei como podia.
 - Como a maioria das mulheres humanas, maquiagem. Mas minha pele por baixo continua morta e gélida como a de todos.
 - Por que tanto esforço para parecer viva?
 - Gosto de lembrar de como era antes.
Andou um pouco pelo quarto, deslizando os dedos de mármore pela parede, e sentou-se ao meu lado.
 - Sabe, a maioria de nós mantem certa obsessão pela elegância. Não que isto seja uma exigência póstuma. Mas séculos observando a degradação humana, faz com que você se apegue à moral e bons costumes de sua época. No meu caso, apeguei-me à minha aparência mortal.
 Fitei admirado por alguns instantes aquela face rosada que, em uma olhada rápida, passaria despercebido da morte. Quem teria a coragem e a audácia de roubar a vida daquele rosto? Como se lendo meus pensamentos ela continuou.
 - Quando era criança, passava os dias imaginando o quão fantástico seria o paraíso. Cresci e me apaixonei por um rapaz, que me prometeu a eternidade. Infelizmente nossos conceitos de eternidade eram totalmente diferentes.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Fly away from here.



If we just fly away from here
Our hopes and dreams
Are out there somewhere
Won't let time pass us by
We'll just fly.
(Aerosmith)

Lados

Já quis ser só parte de mim. Só a parte boa: aquela que dá orgulho pros pais, faz a coisa certa, não tem vergonha, é inteligente, simpática e só amores. Mas essa parte só existe dentro da outra. Da menina tímida, desastrada, sonhadora e boca-suja que erra todos os dias. Se uma se vai, a outra vai junto. Não posso mudar isso. Tudo o que posso é conciliar as duas partes. Por que todo mundo sabe que duas pessoas sempre ficam parecidas quando se dão bem.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Tic-Tac-Tic-Tac

Os ponteiros, velozes, carregam minha juventude.
levam embora, sem parar, a vida que vou tecendo.
Tornam todos seres e coisas seus escravos.

Tic-Tac

O tempo é cruel com aqueles que não sabem viver.
Pois leva embora também a vida que não viveram.

Tic-Tac

Só se vive uma vez, só se vive uma vida.
Não se pode ser tudo, não se pode ser ao mesmo tempo.
Não se pode ser igual, não se pode mudar o passado.
Só se pode criar o futuro.

Tic-Tac

O tempo é curto, o tempo é grosso.
Viva o que você quer viver.
Arque com as consequencias do que escolher.

Tic-Tac

terça-feira, 15 de maio de 2012

Motivacional


Por quer motivar, é motivador.

terça-feira, 8 de maio de 2012

O último

Passou mais tempo comigo do que deveria,
não tendo quem tomasse seu lugar.

Recebi leve anestesia, vulgar para tal perda,
de fazer não me sentir, mas sentir a dor.

Me foi arrancado sem piedade.
Sem espaço para despedidas.

Curiosamente, levou junto meu medo.
Não todos, mas aqueles de criança;

Deixou um vazio que levara tempo para preencher.
Até lá, sigo sentindo doer.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Saudade

(latim solitas, -atis, solidão) 

s. f.
1. Lembrança grata de pessoa ausente ou de alguma coisa de que alguém se vê privado.
   2. Pesar, mágoa que essa privação causa.

De alegrar todos os seus dias,
dos abraços e palavras doces.
Da preocupação se estou bem,
dos meus pais muito amados.

Das pequenas aventuras vividas,
dos segredos e das piadas.
Da imaginação e gargalhadas,
dos amigos que jamais encontrarei iguais.

De chegar em casa cansada
e ainda ter energia para arrumar.
De deitar na minha cama e apagar.
Da minha casa, por menos 'casa' que ela seja.

Devaneios da distância

Assim é como estou.
Jovem.
Longe de casa.

Estou fazendo o lógico.
(Que não me satisfaz.)

Fazendo o que me pedem,
suportando os golpes.
Aceitando as rédeas.
Isso é um aviso.

---

Estas ruas eu conheço.
Criança, andando em onibus lotados,
sentada no colo dos pais,
decorando cada esquina dobrada.

A cidade não muda.
9 anos e quase tudo igual.

---
E eu? mudei?
Me sinto a mesma.

Quero colo e carinho,
quero abraço e beijinho.
  Quero ver o mar, nadar...
---

O mundo é tão grande,
e eu tinha certezas,
tinha tantos planos.

Tão jovem, tão longe de casa.

Trechos Perdidos - Parte o Trem.

A última partida do dia, chegando ao destino perto da hora do almoço do outro dia
(pois eles almoçam mais cedo no norte).

Repudiei a viagem com motivos que na hora me pareciam banais. (Nem sabia o quão certa estava, olhe só!)
Disse com todas as letras, ressoando em todos os dentes, que não iria ficar tanto tempo. Fiz as malas nos últimos minutos, escolhendo um bocadinho de roupas meio amassadas, um tanto desgostosa. Acreditava tanto que não passaria mais de duas semanas, que nem cheguei a despedir-me dos meus caros.

Viagem rápida e tranquila: nem uma estripulia, choramingo ou pés na poltrona da frente.
Recepcionada na estação, senti uma prévia do que seria minha estadia. Ah, quão certa eu estava...

5 livros que tenho muita vontade de ler

Mas ainda não comecei.


1. O Conde de Monte Cristo - Alexandre Dumas
Edmund Danté, é um jovem e ingênuo marinheiro com um futuro brilhante pela frente, tanto no trabalho quanto no amor. Tanta lindeza junta provoca inveja nos corações, inclusive no de seu melhor amigo. Armam para destruir a vida de Edmund e acabam o prendendo por um crime que não cometera. Ao se ver livre, Danté persegue seus traidores em busca de vingança.

Edmund na pior.

Por que eu quero ler esse livro:
Uma história sobre inveja, política, intriga, vingança e uma charmosa inteligência. Tem coisa mais gostosa?
Conheço a história desde que me dou por gente, acho que minha mãe me contava quando eu era pequena numa versão adaptada aos ouvidos infantis. Sem falar na adaptação em filme de 1975 que chega a me emocionar.

2. Orgulho e Preconceito - Jane Austen
Início do século XIX, Elizabeth Bennet tem quatro irmãs e nem um irmão. Seus pais querem arrumar bons casamentos (monetariamente falando) para todas as 5 filhas.  Mr. Bingley (Ruivo alto, bonito e sensual, talvez seja a solução dos seus problemas, carinhoso, bom nível social) se muda para perto dos Bennet levando a irmã Catharine e o amiguinho Mr. Darcy. Mr. Bingley se arruma com jane, irmã de Elizabeth que chama o Mr. Darcy pra dançar e rejeitada de forma maldosa por ele. Elizabeth fica fula e responde com perspicácia e espirituosidade. E a história é longa.

Elizabeth e Mr. Darcy in love.

Por que eu quero ler esse livro:
Por que a história é foda. Pode dizer que é um romance de mulherzinha, mas é foda. Ganhei o livro no meu aniversário do ano passado, do meu caracol favorito, e só não li ainda por que havia uma fila de espera de leitura antes (começo assim que acabar e ler as Crônicas de Nárnia). O livro já ganhou 8 adaptações ao cinema. A que você conhece é a de 2005 com a Keira Knightley.

3. Os Miseráveis - Victor Hugo 
A história gira em torno de Jean Valjean, um condenado posto em liberdade. Sua vida se atrela ou esbarra em varias outras como a de Fantine, que para sustentar a filha sem pai, se prostitui e vende até os dentes.
Uma história trágica e amarga que da um vislumbre de em o que a miséria é capaz de transformar o homem. Ao mesmo tempo alimenta uma certa fé na bondade humana, como uma flor em meio a lama.

Pode chora, Jean.

Por que eu quero ler esse livro:
Na verdade eu já li uma tradução do livro por Walcyr Carrasco, que estava uma verdadeira m*rda. Mas nem a tradução/ resumo/ adaptação do carrasco me fez gostar menos da história. O livro já recebeu diversas adaptações para teatro, cinema e televisão. Se tiver 2 horas sobrando vale a pena assistir a versão de 1998.

4. 1984 - George Orwell
Retrata o cotidiano de um regime político totalitário e repressivo no ano homônimo. No livro, Orwell mostra como uma sociedade oligárquica coletivista é capaz de reprimir qualquer um que se opuser a ela. A história narrada é a de Winston Smith, um homem com a vida aparentemente insignificante, que recebe a tarefa de perpetuar a propaganda do regime através da falsificação de documentos públicos e da literatura a fim de que o governo esteja sempre correto no que faz. Smith fica cada vez mais desiludido com sua existência miserável e assim começa uma rebelião contra o sistema. (retirado da wikipédia)


Vamos dar uma espiadinha?


Por que eu quero ler esse livro:
Uma sociedade controladora que não permite uma opinião divergente e vigia a vida pessoal de cada  um. Só a ideia já é assustadora. Imaginar uma vida sem acesso a cultura, sem liberdade de opinião e escolha é pior ainda. Já ganhou 2 adaptações ao cinema, uma no ano de 1984.

5. Jogos vorazes - Suzanne Collins
O livro acompanha Katniss Everdeen, uma garota de dezesseis anos que vive em um mundo pós-apocalíptico, em um país distópico chamado Panem - localizado onde estaria a América do Norte. O país é dominado por uma metrópole tecnologicamente avançada chamada Capital, que realiza anualmente os Jogos Vorazes, nos quais um garoto e uma garota, entre doze e dezoito anos, de cada um dos doze distritos do país são selecionados através de sorteio para participar de uma batalha televisionada em uma arena da qual apenas um deles deve sair vitorioso e sobreviver. (ctrl+c, ctrl+v da wikipédia também)


Governo do mal esse daí.

Por que eu quero ler esse livro:
Mais um governo totalitário (Êee). Talvez mais fictício (ou não), talvez mais sanguinário (ou não) que o de '1984' pelo simples fato de mandarem jovens ao abate pela mão dos próprios jovens para mero entretenimento (e claro, uma dose legal de controle pelo medo). É o livro mais recente da lista e confesso que foi o filme que me deu vontade de ler.

Trechos perdidos - Casa da lagoa

Com a chegada da noite a construção estalava-se. Contraia, expandia, rangia... como quem acaba de acordar.

Era muito antiga e vinha passado por diversas reformas, para se acomodar aos donos mais recentes. Provavelmente fora edificada no início dos anos 70 e desde lá houveram diversos habitantes. Os vizinhos relatavam muitos acontecimentos anormais em relação a casa; moradores suspeitos, barulhos estranhos e outros fenômenos.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Versinho provisório

Estou um pouco sem palavras, um pouco sem desenhos,
 um pouco sem pensar.

Deixo a saudade corroer o que resta da minha consciência
e levo a vida em modo automático.

É fácil se você não pensa muito antes de mergulhar.

Le Monde

O mundo é tão cheio de distrações, sabe?
Coisas para fazer você perder o foco no que quer de verdade.

Um monte de mimimis para te dar insegurança
e outro para fazer você perder seu tempo e seu dinheiro.
Por que outros ganham com isso.

E a vida é tão simples no final.
As coisas passam e ficam somente as lembranças do que você fez.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Não agora

Talvez seja eu que não esteja inclinada a aceitar
uma vida simples.

Talvez eu goste dos problemas
e do inesperado.

Talvez rotina me assuste
e raízes também.

Não ter um rumo já é um rumo.

5 anos é muito tempo para mim.
Juventude não volta e preciso de certezas para continuar.
Elas estão faltando ultimamente.

Quero tempo para tomar uma decisão.
Perto de quem amo, por que não?